1966 - O início do Galaxie no Brasil

Acervo do CNG - História introdutória para o Lançamento da Linha 1973

Estamos numa tarde ensolarada de outubro de 66. Jornalistas e fotógrafos rondam a fábrica do Ipiranga, em São Paulo, em busca de um furo sensacional. Já não é segredo que a Ford vai lançar no Brasil um carro de luxo, em condições de "brigar" palmo a palmo com os carrões importados.

Nos fundos da fábrica, ao lado dos grandes caminhões que vão deixando a linha de montagem, o novo carro da Ford aguarda o momento certo de aparecer em público. O verde escuro da carroçaria do veículo contrasta violentamente com os cromados muito bem-dispostos e que lhe dão um toque de elegância e requinte.

A imponência da grade chama logo a atenção dos mais curiosos. Ocupa toda a frente do carro, terminando nos faróis duplos dispostos verticalmente. A traseira é perfeitamente coerente com as linhas retas que predominam no novo carro. Os para-lamas descem suavemente, preparando o corte abrupto e dando lugar às lanternas quase quadradas e de bom tamanho.

Quatro amplas portas abrem em duas posições: abertura total e em 45 graus. Para o motorista, a visibilidade é muito boa através do amplo para-brisas. Os vidros laterais e traseiro também são de grandes dimensões, aumentando a segurança ao dirigir. Bancos extremamente confortáveis para acomodar seis pessoas e painel de linhas arrojadas completam os detalhes do novo carro brasileiro. O nome que a Ford encontrou para seu novo produto: Ford Galaxie 500, o automóvel.

Abaixo os importados

Lançado o Galaxie 500, a Ford absorveu boa parte da faixa de mercado até então dominada apenas pelos carros importados. Seu principal argumento de vendas era o conforto dos passageiros, aliado à beleza de estilo e à distinção e requinte que o carro iria proporcionar aos seus proprietários.

Os anos foram passando e o Galaxie 500, foi sofrendo algumas alterações - pequenas, é verdade - mas que iam identificando-o cada vez mais com os compradores que exigiam um carro de alta classe e profundamente personalizado. As mudanças limitavam-se ao desenho da grade, frisos laterais e ornamentação traseira. Em mecânica, os engenheiros da Ford iam incorporando melhoramentos, procurando dotar o mercado brasileiro de um carro que, além de suas linhas clássicas e elegantes, tivesse também uma máquina perfeita.

Surge o LTD

Em novembro de 1968, surgia o "parente" mais sofisticado da família Galaxie. A Ford lançava no Brasil o Ford LTD, com estilo personalíssimo na nova grade dianteira, nos frisos e calotas além do painel de instrumentos com forro de Jacarandá simulado, luzes de cortesia nas portas dianteiras e muitos outros detalhes. Completavam as características do novo carro de luxo da Ford brasileira o motor V-8 de 190 HP (20 a mais que o Galaxie 500), a transmissão automática "Cruise-O-Matic" pela primeira vez num carro nacional, freios de regulagem automática que permitiam ajuste perfeito em quaisquer condições, e direção hidráulica, além da elegância de seu teto de vinil, interior mais luxuoso e confortável e cores atraentes incluindo as metálicas.

Em outubro de 1969, surgiu o Ford Galaxie simplesmente Galaxie. Ocupando uma faixa intermediária de mercado, entre o Itamaraty e o Galaxie 500, o novo carro tinha como características principais a sua simplicidade e o custo menor, dada a ausência de frisos cromados nas molduras das janelas, nas caixas de rodas ou abaixo das portas. Para dar maior agressividade ao novo modelo, a Ford instalou o motor V-8 de 4800 cm3 de cilindrada, que permitia ao carro atingir até 160 km/h.

A vez do Landau

Outra das importantes modificações de estilo introduzidas na linha Galaxie aconteceu com LTD-Landau, que surgiu durante o Salão do Automóvel de ‘70. Com a mesma carroçaria básica do Galaxie e do Galaxie 500, o LTD Landau entrou no mercado para ser o carro ideal para executivos. A publicidade explorava a imagem do carro como "uma carruagem exclusiva e sofisticada". As novidades de estilo nesse novo modelo surgiam na nova grade muito mais requintada, na nova Janela traseira com tamanho reduzido, na imitação de dobradiça de carro conversível antigo, colocada na lateral traseira do teto, e nas novas supercalotas raiadas. O LTD-Landau era considerado o máximo em matéria de conforto, luxo e requinte de toda a linha Ford Galaxie.

Agora que o Galaxie 500 e o LTD-Landau ultrapassam seus cinco anos de mercado, a Ford introduz na linha as mais profundas modificações de estilo desde que o primeiro Galaxie foi exposto no Salão do Automóvel de 66.

Essas modificações vão de encontro ao interesse do consumidor. A partir de hoje, o proprietário de um modêlo "0" km da linha Galaxie terá nas mãos um carro ainda mais personalizado, totalmente diferente dos modelos dos anos anteriores.

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O que você acabou de ler foi o relato do departamento de imprensa da Ford contando a história do Galaxie até o ano de 1972 para introduzir as mudanças da linha de 1973, porém hoje vamos apenas focar no lançamento do Galaxie e num futuro eu posto sobre a linha 1973. (Nota que a Imprensa mencionou o nome correto da Transmissão Automática que possivelmente foi adaptado para Ford-O-Matic talvez devido à dificuldade de pronúncia no Brasil, fato que depois de um tempo do lançamento o proprio nome Galaxie teve que ser adaptado e ganhou um acento agudo no A, Gálaxie.

O carro em questão possivelmente era um Galaxie americano de 1966, provavelmente na cor “Ivy Green” metálico (que posteriormente viraría o Verde Netuno, porém não metálico). Esse carro foi registrado pela câmera do fotógrafo da Fatos e Fotos de Outubro/66 e apareceu no topo da imagem da reportagem que trazia a foto do Catálogo de lançamento da linha 1966 americana lançado em Agosto/1965 como mostra a figura a seguir:

Matéria da revista Fatos e Fotos - Note o Galaxie Verde do Inicio do Post ao topo da página e o Galaxie do folder Americano

“A Ford prepara para o Salão do Automóvel em novembro, uma surpresa em matéria de técnica e conforto: o Ford Galaxie. O carro é semelhante ao norte-americano modelo 1966, com uma série de aperfeiçoamentos desenvolvidos nos Estados Unidos, este ano, e algumas características avançadas do modelo 1967. Acomoda perfeitamente 6 passageiros, que terão à sua disposição o que há de mais moderno em matéria de estofamento e acessórios internos. Um amplo vidro proporciona completa visibilidade ao motorista. O motor é o potente Power King, com alguns aperfeiçoamentos. A fábrica no momento, efetua testes com 16 amostras piloto em suas pistas em São Paulo, e apresentará o novo modelo no Rio de Janeiro depois do Salão do Automóvel. O Galaxie será posto à venda no começo de 1967”
A materia ainda disse começo de 1967, porém já contamos anteriormente que essa data foi no dia 16 de Janeiro de 1967 como contado nesse outro post.

Capa da Fatos e Fotos de Dezembro/1966 - Foto do Galaxie no set para a propaganda Oficial

Em dezembro daquele mesmo ano, a mesma revista colocava uma outra foto de propaganda, essa porém já da Ford Brasileira que estava preparando o material de imprensa de lançamento do carro. O acervo do CNG conta com a foto original em preto e branco do material de imprensa uma outra perspectiva como pode se ver abaixo:

Foto do Galaxie Azul Infinito para o material de Lançamento de Imprensa da Ford Brasileira feita no final de 1966 

A revista Quatro Rodas de Dezembro de 1966 andou no Galaxie e fez uma reportagem bem bacana, e repare que em nenhum momento ela fala mal do Galaxie, e ela ainda elogia a performance do carro. (eu vou postar num futuro uma outra matéria da revista onde ela fala que sempre reclamou da performance do nosso Galaxie)

Foto do Galaxie 1966 em algum lugar da Rodovia Anchieta em dezembro de 1966

Somente elogios e verdadeiros. É realmente um carro maravilhoso! 

O Galaxie brasileiro saiu com o motor 272 dos caminhões como disse a revista, obviamente com algumas alterações como coletor de escape etc, diferentemente do seu irmão americano que tinha 8 opções de motores sendo eles: o 240 (6 cilindros em linha) e os V8 289, 352, 390 (com duas taxas de compressão disponiveis), 427 (com duas opções de coletor de admissão com 1 ou 2 carburadores quadrijet) e por fim o 428.  Anteriormente eu havia falado que os carros se tratavam de americanos porém é bem possível que eles já eram os feitos no Brasil uma vez que a data da primera carroceria  segundo a foto da Fábrica era de 12 de Setembro de 1966.

Foto da Primeira Carroceria do Galaxie Nacional - 12-IX-66 (12-09-66)

Na primeira foto da Quatro Rodas e na seguinte nota-se a presença das calotas que até então eram as do modelo americano, uma vez que os primeiros Galaxies brasileiros sairam com as calotas de centro e as rodas da cor da carroceria, essas calotas viriam a ser empregadas ainda no modelo 1967 porém um pouco mais tarde, que com o auxílio do Cadastro Nacional do Galaxie  CNG eu acredito que isso aconteceu possivelmente em março de 1967.

Sim Quatro Rodas, ele foi um GRANDE Carro, o melhor até hoje produzido.

Assim como eu mencionei anteriormente nesse post (clique aqui) no material de imprensa de época havia também uma outra foto em preto e branco na Chácara da Ford possivelmente do mesmo Galaxie Branco Glacial com as calotas raiadas que nunca sairam no modelo Brasileiro, possivelmente a Ford nunca conseguiu um fornecedor Brasileiro competente ao ponto de fazer a calota nos padrões de qualidade desejados para manter os 97% de nacionalização exigidos para o nosso amado carro. Uma curiosidade que poucos sabem é que os Galaxies 1967 não possuiam espelho retrovisor, externos (nem do lado do motorista) aparecendo somente no modelo 1968, pois era difícil guiar ele sem o espelho lateral. Na propaganda da primeira primavera do Galaxie é mostrado um Galaxie com espelho redondo!! (clique aqui para ir para o post)

Foto do Galaxie Branco Glacial com as calotas raiadas na Chácara da Ford do Brasil.

Scan da foto original da Ford Brasil - provavelmente o mesmo carro da foto anterior

Calota Raiada - pena que não foi lançada, ela é linda demais!

É realmente uma pena que essa calota não enfeitou os nossos carros, porém uma coisa não podemos negar, a beleza exterior e interior compensa e muito, a foto abaixo mostra uma das primeiras fotos do painel do carro já nacionalizado (material de imprensa da Ford Brasil também).

Aquele painel de respeito, com linhas tênuas e de acabamento muito superior para sua época

Essa é mais uma parte da história do maior e melhor carro já produzido no Brasil. Gostaria de aproveitar o post e fazer um imenso agradecimento ao amigo Rodrigo Jesus que gentilmente cedeu algumas revistas Quatro Rodas onde eu vou com prazer dividir e fazer mais materias com o material que eu tenho da Ford e como sempre confrontar os dados apresentados com o CNG e tambem com o meu conhecimento automobilístico.

Um Galaxie Abraço!!

scan do folder do departamento de imprensa da Ford do Brasil