Aqui é contada a história do Galaxie, 500, LTD e Landau de uma forma como você nunca viu. Com uma perspectiva de um apaixonado pelo carro desde 1998 que se formou Engenheiro Mecânico pelo seu amor ao carro e desde 2007 trabalha dentro da indústria automobilística.

Ford em Revista - A revista interna da Fábrica contando sua história e a do Galaxie

Costumeiro de muitas montadoras, na época do lançamento do Galaxie a Ford também tinha uma revista interna, onde ela mostrava os acontecimentos para seus funcionários, e a edição número 17 de Março de 1967 foi uma das melhores em nossa opinião, ela retratou o lançamento do Galaxie.

Nesse post além de trazer ela para vocês na integra eu vou colocar o texto extraído dela para quem preferir ler no post ao invés da imagem. (Pessoas com dificuldade visual)


Contra-capa e capa




Governador Sodré tira o primeiro Galaxie da Linha de Montagem
Em companhia do sr. J. C. Goulden, Gerente Geral da Ford Motor do Brasil S. A., o governador Abreu Sodré, retirou, às 10,45 h do dia 16 de feve-reiro, da nossa linha de montagem, o primeiro carro fabricado pela Ford brasileira, o automóvel Galaxie. Depois, aproveitou a oportunidade para dar uma volta pela pista da fábrica. Perseguido pelo batalhão de fotógrafos presentes à solenidade, ávidos por ângulos espetaculares da presença do governador ao volante do primeiro Ford Galaxie. A solenidade realizada no fim da Linha de Montagem da Ford Motor, contou com a presença de personalidades do mundo automobilístico nacional, e a data representa, sem dúvida alguma, o início de uma nova era na história da Ford brasileira, conforme salientou o sr. J. C. Goulden, no seu discurso de apresentação fizeram uso da palavra, além do nosso Gerente Geral, o governador paulista, enaltecendo a realização da Ford e sua gente e a solenidade constou ainda, de homenagens da Ford à indústria de auto¬peças nacional, com a entrega de um diploma. E não foi só: a Ford recebeu a placa alusiva à indicação do auto¬móvel Galaxie, considerado, por uma revista nacional especializada em mecânica, "o carro do ano". O lançamento do Galaxie é uma resposta da Ford àquêles que não acreditavam no seu empreendimento e muito menos em outras realizações no futuro. Para aquêles incrédulos, o Galaxie já está sendo produzido em série, rodando já pelas nossas ruas, absorvidos pelo mercado nacional de automóveis. e quanto aos futuros empreendimentos, o sr. Goulden, no seu discurso de apresentação do automóvel, referiu-se afirmativamente o que quer dizer, dentro em breve teremos mais novidades.



A primeira Carroceria do Galaxie Nacional

HÁ UM FORD EM NOSSO PASSADO Em 1909, quem tivesse 5 contos de réis podia comprar um Ford. Mas foi um pouco antes disso que o primeiro Fordeco desembarcou em terras brasileiras. Segundo as crônicas, foi em fins de 1904 que chegou ao nosso país, a primeira "máquina andante", assustando meio mundo a princípio e despertando feroz curiosidade, mais tarde, fazendo com que os primeiros proprietários do "automóvel" Ford, agissem como o seu fabricante, ou seja, amarrá-lo a um poste ou a um lugar qualquer, a fim de evitar que os curiosos provocassem danos. Ainda de acôrdo com o noticiário da época, uma das primeiras famílias brasileiras a adquirir o automóvel foi a de Quartim Barbosa. O automóvel Ford tornou-se conhecido e admirado pela sua resistência e robustez, nas duras provas a que era submetido, passando por lugares que nem estrada existia, levando o progresso sôbre quatro rodas, aos recantos mais longínquos do Brasil. E seu preço, em relação a outras marcas, que também começaram a chegar ao país, era bem mais acessível. Deu Rodas ao Mundo Conhecemos a história prodigiosa do automóvel Ford no mercado norte-americano, desde o dia do seu lançamento. Sabemos também das lutas do fundador da emprêsa, Henry Ford. no sentido de tornar o automóvel, um veículo popular, ao alcance de todos, tendo por objetivo fundamental, colocar o mundo sôbre rodas. E assim o Ford, cada dia era mais conhecido nos quatro cantos do globo e no Brasil, chegou também para vencer, não só no mercado de vendas como também de competições, registrando fatos significativos para os anais da história do automóvel no Brasil. S. Paulo a Santos em 25 horas Segundo as crônicas do princípio do século, em abril de 1908, Antônio Prado Junior efetuou a primeira ligação automobilística entre as cidades de São Paulo e Santos, em apenas.... 25 horas e meia, o que constituiu em verdadeira façanha da época. Um outro carro Ford, de 20HP, tendo ao volante, seu dono, Albino da Trindade, de Jaboticabal, a 14 de novembro de 1911, percorreu 24 quilômetros, embaixo de chuva por estrada lamacenta além de atravessar também, um ribeirão, o que fêz com que o seu dono ganhasse uma boa aposta. Em 23 de novembro de 1912, outro Ford modêlo 1911, de Joaquim Paranaguá, de Ribeirão Prêto, foi a Taquaritinga e voltou no mesmo dia, embaixo de verdadeiro temporal, quando normalmente, com tempo bom, levava-se quase dois dias para fazer o referido trajeto. Na capital paulista, três automóveis Ford faziam parte da frota do primeiro serviço de táxi de São Paulo. A bandeirada, na época, custava 10 tostões e outro tanto, por quilômetro rodado. Já mais tarde, em 1929, para provar que o Ford era bom mesmo, 6 motoristas, com 2 automóveis, realizaram notável façanha, em matéria de resistência, efetuando, de 20 a 29 de julho daquêle ano, uma prova compreendida entre as cidades de São Paulo-Ribeirão Prêto-São Paulo-Bragança Paulista-São Paulo-Rio de Janeiro, sem parar um minuto sequer, os motores dos dois carros, perfazendo um total de 200 horas e 25 minutos.



Por êstes e outros motivos, o automóvel Ford, especialmente o famoso modêlo T, mais conhecido no Brasil, pelo nome de "Ford bigode" se impunha em todos os cantos do país, aumentando as vendas e contribuindo de maneira decisiva para que o Brasil entrasse definitivamente na era dos veículos motorizados. A fábrica no Brasil Quando em 29 de abril de 1965 o sr. J. C. Goulden, Gerente Geral da Ford Motor do Brasil S. A. fêz o anúncio público do programa da fabricação do automóvel Ford Galaxie no país, concretizava-se mais uma das grandes realizações que a Ford vem desenvolvendo no Brasil, desde 1919, ano da instalação da sua linha de montagem na cidade de São Paulo. O pronunciamento público significava novos empreendimentos de vulto, com a ampliação das nossas áreas, construção de novos edifícios, de novos estampos, das novas cabines de pintura, ampliação dos trabalhos da fundição, etc. Para quem conhece e conheceu a história da Ford no Brasil, através dos seus 46 anos de progresso, isto não se constituiu em novidade mas apenas, na confirmação da sua fôrça produtiva, acompanhando o desenvolvimento industrial do país. E a história dêsses 46 anos —assinalados, a cada dia, por fatos dos mais significativos — começou por ocasião da Assembléia da Diretoria, iniciada às 9,30h do dia 24 de abril de 1919, terça-feira, nos escritórios da Ford Motor Company, em Highland Park. Estados Unidos.
Consta da ata daquela reunião, o seguinte: "Foi proposto, apoiado e unânimemente aprovado que as seguintes resoluções fôssem adotadas: atendendo a que se julga conveniente para a eficaz transação dos negócios da Ford Motor Company, que ela estabeleça no Brasil, América do Sul, um ramo para conduzir e tratar os seus negócios neste país. Fica portanto, resolvido que a Companhia estabeleça um escritório de negócio permanente em São Paulo, Brasil, e que se empregue no estabelecimento e manutenção dêste escritório, uma quantia de cérea de vinte e cinco mil ($ 25.000) dólares do ativo desta Companhia. Fica ainda resolvido que os oficiais desta Companhia ficam autorizados a fazer todos os ajustes necessários para executar as disposições da parte supra transcrita desta resolução". O capital, inicialmente proposto de 25.000 dólares foi aumentado logo a seguir. para $30.000, com a condição de estabelecer também uma linha de montagem de automóveis, que para cá chegariam desmontados e encaixotados. Na rua Florêncio de Abreu E assim, a história da Ford Motor Company em nosso país, começou num velho casarão de 2 andares, situado na capital paulista, à rua Floréncio de Abreu n.° 106 (atual n.° 438). A sua primeira ficha de contabilidade é do dia 1.° de maio de 1919 e nela está registrada a quantia de "111.000,000 (cento e onze contos de réis) equivalente a 530.000 remetida pela Casa Matriz à nossa ordem na National City Bank of New York"
A 12 de maio de 1920, o presidente da República, Epitácio Pessoa e o ministro Simões Lopes assinam o Decreto Federal n.° 14.167 que autoriza à Ford Motor Company a funcionar no Brasil. Os negócios em São Paulo foram tão bem sucedidos que o casarão da rua Florêncio de Abreu já se tornava pequeno. Por causa disso, em fins de 1920 o escritório e a linha de montagem são transferidos para um lugar mais amplo: um antigo palácio de patinação, na praça da República (onde funciona hoje, o cine República). Por outro lado, já prevendo novas expansões, providências são tomadas no sentido de erguer um prédio próprio, tendo sido adquirido um terreno no Bom Retiro, à rua Solon, onde em 1921, viria a ser inaugurada as instalações próprias da Companhia. A Ford permaneceria aí, até 1953, quando foram inauguradas, no bairro do Ipiranga, as suas atuais instalações. Neste período de 32 anos em que a Ford ficou na rua Solon, muitas coisas de importante, na vida desta crescente indústria automobilística, foram anotadas. O papel desempenhado pelo Ford "bigode" na estrutura socio-econômica do Brasil, não tem limite. Além de proporcionar mão-de-obra abundante àquelas pessoas diretamente ligadas à montagem do automóvel, à sua comercialização e a manutenção, também dava o "toque" social todo especial aos que possuíam um Ford. Os visitantes ilustres, autoridades civis e militares, as famílias de São Paulo com quase 400 anos de tradição. Os novos ricos do Amazonas (ciclo da borracha).
O "bom vivant" de Copacabana, enfim, tôda uma classe social fêz questão de, pelo menos uma vez na sua vida, ter um famoso "Ford bigode". Em 1924 o 1.° salão do Automóvel A Companhia Ford, por sua vez, com a linha de montagem, com a sua vasta rêde de Revendedores em todo o país, participou de diversos acontecimentos que tiveram passagens marcantes na história industrial do país. Em 1924, montou em São Paulo, no Palácio das Indústrias, hoje "Palácio Nove de Julho", uma Exposição Automobilística — que poderíamos considerar o 1.° Salão do Automóvel do Brasil tendo recebido a visita de personalidades ilustres da época, entre os quais, o presidente do Estado, sr. Washington Luís. A Exposição é repetida no ano seguinte, no Rio de Janeiro, tendo obtida a mesma repercussão. Uma linha de montagem, levada de São Paulo, com operários e técnicos, sem prejuízo da atividade normal da Rua Solon, é posta a funcionar na Exposição, a fim de que o público visitante pudesse ver "in loco", a montagem do automóvel. E os resultados dessas duas primeiras exposições, nas duas capitais não demoram muito a aparecer: em 1925, a Ford do Brasil estabelece recorde de vendas que continua em pé, até hoje: 24.250 veículos modêlo T vendidos em todo o território nacional. Para atender a grande demanda da região norte-nordeste do país, a Ford instala, neste mesmo ano, um escritório de vendas e uma linha de montagem em Recife, Pernambuco, e em março do ano seguinte, em atendimento à demanda do mercado da região sul, instala também, em Pôrto Alegre, Rio Grande do Sul, um escritório e uma linha de montagem, mais precisamente à rua 7 de Setembro n.° 14. Um escritório de vendas e uma linha de montagem já se faziam necessárias na então capital da República, Rio de Janeiro, e foram instaladas à rua Graça Aranha, 333, em 1927. Ainda em 1926, de 1 a 17 de outuliro, a Ford monta em São Paulo nova exposição de seus produtos, com invulgar sucesso. O êxito é repetido, no ano seguinte, no Rio de Janeiro e em Pôrto Alegre, e 6 anos mais tarde, novamente em São Paulo, desta feita no Cine Odeon, e em Recife.
Caminhão brasileiro Por volta de 1925, a Ford brasileira já tinha os olhos voltados para o futuro. A aceitação de seus veículos era uma realidade maciçamente comprovada e aquelas instalações, que a princípio pareciam amplas, da rua Solon, se tornavam acanhadas diante do volume de serviço. E com vistas ao futuro, a 28 de setembro de 1927, adquire um terreno de 60.000 metros quadrados no bairro do Ipiranga, ao qual, seriam anexados mais 140.000 metros quadrados, adquiridos em 1936, perfazendo o total de 200.000 metros quadrados para a construção de novas instalações que viriam a ser iniciadas em abril de 1949. O dia de festa da inauguração, da mais moderna instalação do gênero no país, foi a 17 de abril de 1953, quando então,
a Ford brasileira entrou para uma nova fase da sua história. A 16 de junho de 1956, o presidente da República, assinava o projeto de lei que criava o GEIA que viria disciplinar o trabalho da crescente indústria automobilística do Brasil e abrir novos rumos para a produção de carros. Submetidos à apreciação do nôvo órgão, em 1957, os projetos de expansão da Ford brasileira são aprovados integralmente, transformando-se no maior investimento jamais feito no Brasil, com a apresentação do plano Ford de fabricação do caminhão nacional. Isto representou um investimento da ordem de 24 milhões de dólares em equipamentos e máquinas importadas; um investimento adicional superior a um bilhão e quatrocentos milhões de cruzeiros em terrenos, edifícios e equipamentos adquiridos no próprio país. Para fixar definitivamente um nôvo marco em sua longa existência, a Ford Mótor do Brasil comemorava, com justo orgulho, a saída da sua linha de montagem do primeiro caminhão Ford brasileiro, um F-600, motor V-8, 167 HP, com 40% de nacionalização em pêso. Isto, às 10 horas do dia 26 de agôsto de 1957. Em 21 de novembro de 1958, inaugura-se a fundição Ford, no bairro de Osasco, dotada de modernos fornos elétricos de indução, de baixa freqüência, os primeiros instalados na América do Sul. O imponente conjunto, pelo seu potencial técnico, torna-se modêlo de organização e de trabalho. Em 1959, incorpora-se aos caminhões F-100 e F-600 a gasolina lançados em 1957, o caminhão para cargas médias: F-350. Prosseguindo na sua diversificação de produtos, a Ford lança ao mercado, a 9 de dezembro de 1960, o primeiro trator nacional, o 8-BR Diesel e em agôsto do ano seguinte, o caminhão F-600 com motor diesel. Em memorável convenção que contou com a presença da totalidade dos Revendedores Ford do país, apresenta ao público, a 25 de abril de 1962, os novos modelos dos caminhões Super Ford F-100; F-350 e F-600 que conquistam de imediato, o público comprador. A 11 de fevereiro de 1965, são lançados ao mercado, duas novas versões para a camioneta F-100: Passeio e Rancheiro, além do caminhão F-600 de chassi mais longo. E de realizações cada vez mais arrojadas no campo da indústria automobilística nacional, alcançamos ao pronunciamento do sr. J. C. Goulden em abril de 1965, anunciando o lançamento do nôvo produto: o automóvel Ford brasileiro, desde o primeiro momento da notícia, aguardado com grande interêsse. Em janeiro de 1966, por ocasião da visita do sr. Henry Ford II ao Brasil, é aprovado novos investimentos para o lançamento do Ford Galáxie, completando o ciclo vitorioso iniciado em 1919 com a instalação de um escritório e uma linha de montagem em São Paulo.

No Canto superior direito as imensas prensas com uma folha do teto depois de seu primeiro processo de estampa. No canto inferior esquerdo a linha de usinagem dos motores onde podemos ver uma brunideira. Na imagem do canto direito temos a linha de usinagem dos cabeçotes.

EXPANSÃO PARA O PROGRESSO

Em 29 de abril de 1965, o Sr. John C. Goulden, Gerente-Geral da Ford Motor do Brasil S. A., comunicava, ao público brasileiro, o lançamento, num futuro próximo. de um moderno e confortável carro de passageiros — o Ford Galaxie. Para a produção dêsse carro de gabarito, a Companhia já tinha pronto todo um esquema de trabalho, o qual incorporava minuciosos e prolongados testes de engenharia, além de elementos de contrôle que visavam estabelecer índices de produção diária, número de operários necessário, materiais a serem utilizados, criação de novas dependências na Companhia, instalação de novas máquinas e equipamentos. Em pouco tempo, um nôvo complexo industrial iria surgir, paralelamente às instalações já existentes.
A Ford Motor do Brasil S. A. iniciava a sua expansão para o progresso. Tôdas as providências de ordem burocrática, tais como, planos de trabalho, de execução, de custos, de importação de alguns equipamentos e componentes, data do início da produção, foram tomadas para apresentação imediata aos setores governamentais diretamente ligados às atividades da indústria automobilística nacional. Após a aprovação dessas providências, seguiu-se o pronunciamento oficial do dirigente máximo da Ford Brasileira. Esta comunicação vinha ratificar, uma vez mais, o interêsse que a Ford Motor do Brasil S. A. sempre demonstrou em lançar, no mercado brasileiro, um veículo de passageiros, com a indispensável retaguarda de planejamento e estudos de profundidade, a fim de que o produto Ford seja sempre o melhor e o mais seguros Ao mesmo tempo em complementação ao programa proposto, as indústrias de autopeças foram mobilizadas para a fabricação dos diversos componentes do automóvel, cumprindo-se à risca, a determinação de produzir um carro genuinamente nacional. Isto acarretou a abertura de novas e amplas frentes de trabalho, propiciando empregos a milhares de operários nas indústrias de autopeças e congêneres. Outras grandes firmas nacionais foram incluídas na arrancada para a expansão, com o objetivo de possibilitar a concretização, no prazo previsto, do programa apresentado pela Companhia. Foi, pois, com orgulho e satisfação que a Ford Motor do Brasil S. A. apresentou, no V Salão do Automóvel, os primeiros carros Ford Galaxie fabricados no Brasil. A comunicação da fabricação do Ford Galaxie, feita em 65 pelo Sr. John C. Goulden, constituiu uma autêntica mensagem de fé inabalável no futuro, especialmente levando-se em conta o panorama econômico-financeiro da época, na qual a indústria brasileira, particularmente a automobilística, enfrentava uma grave crise. Após a palavra de ordem do Gerente-Geral da Companhia, todo o esquema foi posto a funcionar e hoje, aí está o resultado salutar: o Ford Galaxie rodando pelas ruas e estradas nacionais num atestado inequívoco da capacidade de realização da gente brasileira, num ramo industrial que conta apenas dez anos de vida.
Um projeto em marcha Internamente, a fabricação do carro de passageiros da Ford Motor do Brasil S. A. exigiu uma ampliação complementar de áreas cobertas e descobertas, aquisição de novos equipamentos, recrutamento de novos funcionários e inúmeros outros melhoramentos. Na Fundição da Ford Motor do Brasil S.A., foram produzidas 2.500 toneladas de estampos fundidos com ferro-liga especial, destinados, após o estágio de usinagem, à confecção de peças estampadas do Ford Galaxie. Por outro lado, os antigos e tradicionais métodos de fundição que utilizam "machos a óleo" e "moldagem por jato de areia"

foram substituídos por modernas técnicas, quais sejam, respectivamente, a confecção de machos pelo processo "caixa quente" e a moldagem por "alta pressão". A introdução dessas modalidades tecnológicas exigiu o aperfeiçoamento intensivo de novos materiais sintéticos pela primeira vez fabricados no país, assim como a construção, em caráter pioneiro no Hemisfério Sul, de ferramental especial, adequado à nova metodologia. As vantagens decorrentes dessas mudanças radicais estão consubstanciadas na melhoria de qualidade dimensional dos fundidos do motor do Ford Galaxie, bem como no considerável aumento do volume de produção da Fundição. Nas instalações do Ipiranga, no setor de maquinaria e equipamentos, verificou-se a compra de diversas prensas para a Ferramentaria, com capacidade para 600 a 1000 toneladas, fresas copiadoras tipo Keller e outros equipamentos adicionais. Para a Estamparia e Sub-Montagem foram adquiridas prensas e acessórios com capacidade até 2.000 toneladas, empilhadeiras e outros equipamentos de transporte, manuseic e estocagem de materiais e componentes de veículos, gabaritos e dispositivos especiais para montagem e inspeção, máquinas de solda a ponto e várias outras bem avançadas e de grande rendimento. Já para a Linha de Montagem, foram adquiridas máquinas hidráulicas de rebitar, de solda a ponto. gabaritos e dispositivos especiais para montagem, máquinas para aplicação de massas vedadoras e outras.


AUTO SHOW FORD
No ano em que se comemora o décimo aniversário da implantação da indústria automobilística brasileira aconteceu o V Salão do automóvel. Na imensa feira do Parque Ibirapuera cerca de um milhão de pessoas assistiram, de 26 de novembro a 11 de dezembro de 1966, à mais fabulosa exposição industrial dos últimos tempos.
Numa área de 1.300 m2 erguia-se absoluto, em meio a tantos outros, o Pavilhão da Ford, que se constituiu num espetáculo inesquecível. Seu idealizador, arquiteto Sérgio Bernardes, mostrou mais uma vez o porquê do seu destino privilegiado e do fascínio que suas criações exercem sôbre seus contemporâneos. Êle soube mesclar no seu trabalho as fôrças mais atuantes da arte, da ciência e da técnica. A idéia básica obedeceu a um plano funcional, lógico e simples.
O Pavilhão Dominava todo o ambiente em prédio central, onde interiormente um cinema para mais de 100 pessoas, com ar condicionado, exibia filmes coloridos

das maiores competições vencidas pela equipe Ford. Ao lado localizava-se um bar, que um quadro de Di Cavalcanti dava o necessário ar de requinte. A Angulo, emprêsa responsável pela sua construção, utilizou 70 operários em regime de "full time", a fim de que o prazo record de 25 dias estipulado para a obra fôsse cumprido rigorosamente. Foram empregados pela Ângulo no Pavilhão 11 quilômetros de madeira, 10 mil blocos de concreto, 2 mil metros quadrado de pintura. Cem "spot-lights" colocados estratégicamente deixavam à amostra a exuberância da decoração executada pela Metro 3. Sessenta bandeiras simbolizando as diferentes marcas de automóveis fabricados pela Ford (Falcon, Mustang, Cobra, Cortina etc.), encimavam o pavilhão. De um lado apresentava-se galhardamente a linha comercial com seus caminhões F100, F350, F600. Do outro, um Ford modêlo T 1911, ladeava o Galaxie, última etapa de uma evolução de mais de 60 anos. Lindas modelos, vestidas por Aparicio, da maneira mais sofisticada e moderna possível, de modo a atrair, inclusive subliminarmente, a preferência do público, eram suas únicas e constantes companheiras. A multidão que afluiu ao Salão não se cansava de sentar nos Galaxies, admirando-os. apalpando-os, fazendo questão de sentir de perto todo um processo evolutivo de racionalização do confôrto.

Ford Galaxie, O Automóvel


Houve, também, um remanejamento completo do sistema de pintura para a obtenção de trabalhos de alta classe. A instalação do novo sistema exigiu ampliação da área e os equipamentos adquiridos são os mais modernos no gênero, possibilitando o tipo de pintura e acabamento indispensáveis num produto de elevado padrão. Nesse remanejamento, foram dispendidos cerca de oito bilhões de cruzeiros, sendo que a quase totalidade dos equipamentos é de origem nacional. Na Fábrica de Motores, houve a complementação com máquinas e ferramental especial para a usinagem dos componentes do nif3tor. Na seção de oficina de tapeçaria, em atendimento ao programa do automóvel, foram instaladas novas máquinas de costura industriais, com acessórios e ferramentas especiais para corte e costura e para a confecção de capas de assento e outros elementos de tapeçaria exigidos para o Ford Galaxie. Quanto ao ferramental especial, deve-se ressaltar que, em quase sua totalidade, foi produzido no país- Mais de 900 estamos, com peso individual de até 50 toneladas, foram produzidos em tempo recorde. Nesta operação, estiveram envolvidos mais de 1 milhão de homens-hora de trabalho. Foram também produzidos gabaritos e dispositivos especiais para a montagem e inspeção e, em todos esses trabalhos, foram aplicadas técnicas as mais avançadas. Podem ser citadas a confecção de modelos para estamos em isopor e a de modelos copiadores para equipamentos Keller, em plástico. A Fundição teve participação ativa, com o...

Que imagem! Que IMAGEM!!!

Todas as paisagens ficam mais bonitas com o Galaxie nelas

...fornecimento de cerca de 2.500 toneladas de matéria-prima. No Controle de Qualidade, atividade de vital importância para o desenvolvimento do produto e garantia de qualidade dos componentes, houve uma ampliação substancial, através da aquisição de equipamentos para seus laboratórios — Físico (Mecânico e Elétrico), químico e Metalúrgico, os quais se encarregam do controle de matéria-prima e componentes acabados. São equipamentos dos mais modernos, alguns deles inéditos no país, como, por exemplo, o "Brush and Sponge Pilling Tester", utilizado na verificação da resistência dos tecidos (principalmente sintéticos) ao embolotamento e à limpeza, a fim de assegurar a sua qualidade, no que concerne ao desgaste e aparência. Equipamentos para ensaios metalúrgicos, físicos e químicos, em proporção adequada, fazem com que o conjunto de laboratórios de controle de qualidade da Ford seja o mais completo dentre os seus similares no país. Na Engenharia de Produtos, foram também adquiridos diversos equipamentos para testes do produto — todos eles os mais modernos e os mais precisos — tendo em vista submeter o produto final a um teste super rigoroso, consoante os elevados standards exigidos pela Ford. Em decorrência da instalação dessas novas máquinas. houve uma ampliação e remanejamento da área útil do setor, transformando-o num dos mais completos da América Latina. Quanto ao aspecto de construção civil. houve uma edificação adicional de cerca de 14 mil metros quadrados de área coberta, abrangendo a construção de três armazéns para estocagem de peças de veículos, a ampliação e modernização do prédio de refeitórios, algumas benfeitorias tais como a pavimentação de áreas para a estocagem de estampos, áreas para estacionamento de produtos acabados e veículos dos funcionários, sistemas de fornecimento de eletricidade, água e outros Nessa sua expansão para o progresso, a Ford Motor do Brasil S. A. cumpre mais uma etapa de sua história industrial, a qual teve início, no Brasil, em 1919. Fiel ao seu espírito de pioneirismo e apego à qualidade 100%, a Ford brasileira introduz no mercado nacional o primeiro carro grande, para bem servir a uma faixa de público que. ansiosamente, aguardava um automóvel com as características técnicas, o conforto e o modernismo de linhas do Ford Galaxie.

Notem que a ford anunciava a Direção Hidráulica como opcional

Seu nome: Galaxie - sua família: Ford - Todo e qualquer objeto, ao ser concebido pelo homem, recebe um nome, um batismo melhor dizendo, uma identificação, para ter vivência normal com os seus semelhantes. O nosso automóvel, também recebeu o seu batismo e a sua carteira de identidade. Seu nome: Galaxie, da família Ford, de nacionalidade brasileira. O nome Galaxie, pouco depois do aparecimento, já corre de boca em boca, numa demonstração da sua grande aceitação e interesse despertado ao público automobilístico nacional. A sua carteira de identidade" já não é segredo para ninguém; e através dela, o público vê em Galaxie, um automóvel moderno, atual, confortável e de grande desempenho.
Dimensões Externas: 
Comprimento Total 5,33 m
Largura Total 2,00 m
Altura Total 1,46 m
Distância entre eixos 3,02 m
Bitola Dianteira 1,57 m
Bitola Traseira 1,57 m
Altura Mínima do Solo: C
Cárter 17,5 cm
Estrutura do Quadro 14,5 cm
Diferencial do eixo traseiro 17,5 cm
Tanque de gasolina 19,5 cm
Suspensão Dianteira 15,5 cm
Dimensões Internas: 
Compartimento Dianteiro:
Largura na altura dos quadris 1,59 m
Largura na altura dos ombros 1,52 m
Espaço para o alto 0,98 m
Compartimento Traseiro:
Largura na altura dos quadris 1,59 m
Largura na altura dos ombros 1,52 m
Espaço para o alto 0,96 m
Motor:
Número de cilindros 8
Diâmetro 92,0 mm
Curso 83,8 mm
Razão de Compressão 7,3:1
Potência Máxima 164 H.P. a 4.400 r.p.m.
Torque Máximo 33,4 kgm a 2.400 r.p.m.
Cilindrada 4.458 cm3
Ordem de Ignição 1-5-4-8-6-3-7-2
Capacidade do Tanque 76 litros
Ajuste de folga de válvulas 0,46 mm
Relação do Eixo Traseiro: 
3,50:1 (standard) 3,25:1 (opcional)
Caixa de Mudanças:
Número de Marchas 3 à frente; 1 à ré
Relações das marchas
Primeira 2,667:1
Segunda 1,602:1
Terceira 1,000:1
Ré 3,437:1
Tamanho dos Pneus:
7.75x15 - 4 lonas
Suspensão:
Dianteira: Molas espirais amortecedores de dupla ação
Traseira: Molas espirais amortecedores de dupla ação
Tipo de Carburador:
D.F. Vasconcellos 2 Venturis
Direção:
Rôsca glóbica & rolete — Relação 24:1 Direção hidráulica-opcional
Freios:
Área total de frenagem 1.303 cm3
Velocidade máxima:
165 km/h — indicada
Consumo de gasolina:
6,5 km/l
Relação pêso/potência:
23,5 lb/H.P.


E com isso encerramos essa matéria que conta a história do Galaxie e da Fábrica pela própria perspectiva da Ford que nessa semana gerou uma grande discussão quando disseram que o Galaxie nascera obsoleto no Brasil. O bom disso é que a máscara de um cidadão caiu... um ex presidente do Clube do Galaxie banir de uma página quem estava defendendo o Galaxie de forma pacífica e sem ofender ninguém... nada é por acaso e eu jamais pensei que esse post teria esse final quando comecei a escrever ele 3 semanas atrás.
Acho que aqui está mais uma prova de que quem pensa assim não se deu conta do que foi o Galaxie em seu lançamento. Tudo veio no tempo correto para o mercado e o Galaxie foi um marco na indústria automobilística nacional.

Um Galaxie Abraço!

Valter

Fiquem com as outras páginas da revista interna da Ford:





Sim!!! Queremos receber as outras revistas!

Comentários

  1. Muito bom, sempre aprendo e me divirto com o seu ótimo trabalho!!! Obrigado!

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  2. Simplesmente maravilhoso, ler a vida de um carro, uma fábrica, suas ações o qual girou em torno a vida de brasileiros e estrangeiros, com um único objetivo de criar o melhor e insuperável automovel no sentido amplo dos fatos, parabéns por retratar essa preciosidade de reportagem .

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